Pesquisas

Educação escolar em tempos de pandemia

Por 23 de junho de 2020 Sem comentários

No Brasil, 81,9% dos alunos da Educação Básica deixaram de frequentar as instituições de ensino. São cerca de 39 milhões de pessoas.

A Fundação Carlos Chagas fez uma pesquisa com mais de 14.000 docentes no período de 30 de abril a 10 de maio com o objetivo de entender como os professores estão desenvolvendo suas atividades, como conciliam o trabalho profissional com a vida privada e quais suas expectativas para o período de retorno às aulas presenciais.

Os resultados desse estudo serão apresentados em boletins periódicos pela Fundação em seu site (https://www.fcc.org.br/fcc/).

Seguem abaixo, os primeiros resultados desta pesquisa:

 

ROTINA DE TRABALHO

No momento do lançamento do questionário on-line, as escolas estavam preparando ou aprimorando a rotina escolar não presencial. Observa-se a preocupação das docentes em organizar o tempo com os alunos, garantindo o conteúdo das disciplinas. Dentre as estratégias utilizadas pelas professoras, ressalta-se o uso de materiais digitais via redes sociais (e-mail, WhatsApp, etc.) em todas as etapas/modalidades.

ESTRATÉGIAS EDUCACIONAIS

Destaca-se, na educação infantil (60%) e no ensino fundamental (65%), o envio de orientações às famílias para estímulo e acompanhamento das atividades realizadas em casa. Observa-se a preocupação das docentes em organizar o tempo com os alunos garantindo o conteúdo das disciplinas.

EFEITOS DO CONTEXTO

A expectativa, tanto em relação à aprendizagem quanto à percepção de que seus alunos conseguem realizar as atividades propostas, está próxima de 50%. Em relação à realização das atividades propostas aos alunos: 33,4% das professoras indicam que a maioria tem realizado; 22,3% percebem que a minoria realiza.

Na avaliação acerca da possível ansiedade/depressão de seus alunos, 34,7% das professoras não souberam informar, entretanto 53,8% consideraram que aumentou.

RETORNO ÀS AULAS PRESENCIAIS

Para 84,6%, a readequação dos modelos de avaliações surge como um ponto sensível. De fato, a situação imposta pela pandemia exige, de um lado, repensar os conteúdos e as práticas pedagógicas adaptadas para um contexto virtual e, de outro, requer discutir atividades avaliativas considerando a diversidade de situações e condições de vida em que se encontram os estudantes dos diversos níveis de ensino. Não se trata, apenas, de transpor práticas que antes eram feitas presencialmente para contextos virtuais.

O cancelamento do ano letivo estaria no horizonte de somente 11,2%. Há clareza de que, no pós-pandemia, o cotidiano escolar não será o mesmo: para 65,6% das professoras, o rodízio de alunos para evitar aglomeração e, para 55,9%, a continuidade do ensino on-line junto com o presencial são prenúncio de mudanças possíveis.

Pouco mais de um terço dos respondentes, 34,5%, defende a necessidade de reposição das aulas e um em cada quatro (25,4%), a prorrogação do ano letivo de 2020 até 2021.

ATUAÇÃO PROFISSIONAL

Metade das respondentes acumula mais de 15 anos de atuação profissional, trabalha em dois períodos e 44% apresentam uma jornada entre 31 a 40 horas semanais, sobretudo no ensino fundamental. O predomínio é de participantes das escolas públicas, enquanto as instituições privadas representam 15,3%.

PERFIL

Responderam ao questionário principalmente mulheres, brancas e negras, com idade entre 30 e 50 anos, que atuam na escola pública, na área urbana.

PRÓXIMOS PASSOS

Em breve, será divulgado o Informe N. 2, com destaque à interseccionalidade de gênero e raça e às especificidades entre a educação pública e a educação privada.

Novas etapas da pesquisa estão em desenvolvimento, como, por exemplo, um questionário on-line direcionado às professoras e aos professores que atuam com alunos público-alvo da educação especial (alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento, altas habilidades/superdotação), em classe comum ou no atendimento especializado. O objetivo é identificar, na visão das professoras e dos professores, quais são os desafios enfrentados para garantir o acesso e a participação desse alunado nas aulas remotas, assim como as estratégias propostas com vistas à efetivação do direito à educação na perspectiva inclusiva.

SOBRE A PESQUISA

OBJETIVO DO QUESTIONÁRIO: Verificar como as professoras e os professores das redes públicas e privadas estão desenvolvendo suas atividades, como conciliam o trabalho profissional com a vida privada e quais suas expectativas para o período de retorno às aulas presenciais

RESPONDENTES: 14.285 professoras e professores de todas as 27 Unidades da Federação, das/os quais 51,4% mostraram interesse em seguir contribuindo com as próximas fases da pesquisa

PERÍODO DE COLETA: 30 de abril a 10 de maio de 2020

METODOLOGIA: Amostra não probabilística, por conveniência. Foi realizada testagem piloto e ajustes com especialistas da área

QUESTIONÁRIO: 24 perguntas fechadas e 2 abertas

COLETA DE DADOS: Plataforma Survey Monkey

Fundação Carlos Chagas | Departamento de Pesquisas Educacionais

Coordenação: Lúcia Villas Bôas e Sandra Unbehaum

Pesquisadoras: Adelina Novaes, Adriana Pagaime, Amélia Artes, Cláudia Pimenta, Marina Nunes e Thaís Gava

Estatística:  Raquel Valle

Produção editorial e projeto gráfico: Elisângela Fernandes, Mario Luiz Veiga Pirani e Pedro Penafiel

Revisão: Adélia M. Mariano Ferreira

Fonte: https://www.fcc.org.br/fcc/educacao-pesquisa/educacao-escolar-em-tempos-de-pandemia-informe-n-1 Acessado dia 23 de junho de 2019.
Photo by Julia M Cameron from Pexels

 

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