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Ensino remoto: estamos inovando ou apenas digitalizando o tradicional?

Por 12 de maio de 2021 Sem comentários

Ensino remoto: estamos inovando ou apenas digitalizando o tradicional?

Provavelmente você já ouviu termos como ensino remoto, ensino a distância e ensino híbrido sendo usados ​​para descrever as várias abordagens atuais da educação. Se antes aprendizagem online era um termo que apenas definia a relação entre um aluno e os currículos digitais, desde 2020 este conceito se expandiu para várias modalidades de ensino. A pandemia trouxe uma mudança abrupta na educação, fazendo o aprender fora da sala de aula se desmembrar em várias alternativas, e, acredite, apesar de passados alguns meses, a transição de ensino presencial para outras formas de ensino ainda gera dúvidas. 

Esses termos são frequentemente usados ​​de maneira tão intercambiável que se pode acreditar significarem a mesma coisa. Embora apresentem semelhanças, existem algumas nuances importantes entre cada modalidade de ensino. Ensino remoto não é a mesma coisa que ensino a distância, assim como não é igual ao ensino híbrido. Saber a diferença entre eles refletirá diretamente na qualidade das práticas pedagógicas. Vamos entendê-los? 

Ensino a distância

O famoso EaD é uma modalidade de ensino consolidada teórica e metodologicamente em que o aluno e o educador se envolvem no processo de aprendizagem e ensino remoto, porém dentro de um curso planejado para ocorrer de tal modo. Segundo o artigo 80 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (9.394/96), “esta educação tem como pressuposto desenvolver-se a distância assíncrona”, ou seja, não ocorre “ao vivo” e nem, necessariamente, digitalmente ou nos horários em que ocorreriam as aulas presenciais.  

Ensino remoto

O conceito é fundamentado na urgência ocasionada pela pandemia, já que o ensino remoto, em tese,parte do síncrono e trata das atividades mediando-se por tecnologias, que, por sua vez, são orientadas pelos princípios da educação presencial. Com as ferramentas certas e um planejamento cuidadoso, tal modalidade de ensino pode envolver os estudantes e seguir fornecendo a eles acesso equitativo a conteúdos e currículos de alta qualidade. Caso contrário, tem grandes chances de repetir erros e aprofundar desigualdades. 

Ensino híbrido 

Trata-se de uma abordagem que combina materiais de aprendizagem online interativos com instrução tradicional em sala de aula. Frequentemente usado como um termo abrangente para incluir ensino remoto, a distância e presencial, o ensino híbrido é centrado na expectativa de que o aprendizado irá flutuar entre o totalmente online e a instrução presencial. Entretanto, funciona muito além de apenas prover aulas nas duas modalidades, necessitando de planejamento e metodologias que combinem ambos os formatos com propósito claro e definido.

Embora traga consigo a promessa de inovação, há o risco de perpetuar e replicar as práticas existentes, porém com ferramentas mais novas e caras, já que disseminação de conteúdo digitalizado e dirigido por professores por si só não configura ensino híbrido. Quando a aprendizagem é realmente combinada, os alunos não permanecem consumidores passivos de conteúdo; eles tornam-se criadores de conhecimento em um contexto no qual podem ser ativos. O verdadeiro aprendizado híbrido oferece a oportunidade de obter conteúdo e instrução por meios online e tradicional, assim como elemento de autoridade sobre esse processo. 

Por que apenas digitalizar o ensino tradicional não é inovação?

A aprendizagem digital é uma inovação que nos permite ver a educação sob uma nova lente, divertida e inovadora. Entretanto, acima de tudo, espera-se que ela seja uma forma melhor de educar, uma versão 2.0, ancorada em toda a revolução que a tecnologia nos oferece. No entanto, a realidade básica da educação online, seja no ensino remoto, seja no ensino a distância ou no híbrido, ainda é a mera substituição de salas de aula por salas virtuais. As fontes materiais de propagação de educação podem ter mudado, mas o método de ensino ainda é o mesmo: os alunos ainda consomem aulas passivamente. 

Quando escolas e professores trazem tecnologia para a sala de aula, devem se perguntar quais são seus objetivos. Usar a tecnologia simplesmente como ferramenta mediadora é um desperdício de tempo e recursos. Os educadores que desejam usá-la em toda a sua completude devem fazê-lo pelos motivos certos. O verdadeiro propósito do uso da tecnologia em sala de aula é mudar a forma como se ensina, e não apenas digitalizar o que já é feito.

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