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Educação financeira na escola

Por 31 de março de 2021 Sem comentários

educação financeira na escola

Ter habilidades financeiras pessoais básicas é uma das coisas mais importantes que se pode fazer para ter uma vida saudável, feliz e segura. O nível de compreensão sobre os fundamentos de orçamento, poupança, dívida e investimento afeta todos os âmbitos pessoais e profissionais de um indivíduo e pode significar a diferença entre prosperidade e pobreza. Justamente por sua dimensão e importância, ensinar o valor do dinheiro e cuidar para que, desde pequenas, as crianças e os jovens recebam uma boa educação financeira na escola é o melhor investimento no futuro. 

Nesse sentido e em complemento ao que for trabalhado com a educação financeira na sala de aula, as famílias podem colaborar abrindo o orçamento da casa para as crianças. Este não costuma ser um hábito de nossa cultura, e, para se ter uma noção, no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) realizado em 2018, o Brasil acabou em 17º entre os 20 países analisados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) no quesito competência financeira, acima somente de Peru, Geórgia e Indonésia. A pesquisa avaliou os conhecimentos dos estudantes em situações que envolvem cartões de débito e crédito, escolha de compras, taxa de juros e empréstimos. Por fim, o índice apontou que 43,6% dos discentes brasileiros não alcançam nem a proficiência nível 1 no tema e são considerados analfabetos financeiros. 

Aprender educação financeira na escola é tão importante quanto alfabetizar

Afinal, crianças sem educação financeira tendem a se tornar adultos que não compreendem o valor do dinheiro e têm mais chances de cair em roubadas. Felizmente, o tema já começa a ser levado a sério e faz parte da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que passou a valer para todas as instituições de ensino no início de 2020. As orientações da BNCC são de que a educação financeira seja trabalhada de modo transversal e interdisciplinar da Educação Infantil ao Ensino Médio. Isso significa que não precisa existir uma disciplina específica na grade, mas sim que o assunto deve ser discutido em todas as disciplinas. Ou seja, cabe a todo professor, independentemente da área do conhecimento que ensina, a tarefa de levar à sala de aula assuntos relacionados ao dinheiro e seu uso.

Em entrevista à revista Galileu, Claudia Forte, superintendente da Associação de Educação Financeira do Brasil (AEF-Brasil), defende essa abordagem multidisciplinar. “A Matemática é só um dos componentes da educação financeira, e talvez nem seja o mais importante. Antes de saber fazer contas, você precisa entender consumo consciente, inteligência emocional e sustentabilidade. O hábito de fechar a torneira enquanto escova os dentes, por exemplo, faz parte da educação financeira, porque você está economizando dinheiro na conta de água e recursos naturais”, aponta ela.

Uma lição necessária

De acordo com um levantamento divulgado em novembro de 2020 pela AEF-Brasil, 62,6% dos pais de estudantes reconhecem que a educação financeira na escola é muito importante para a formação de seus filhos. A expectativa é de que a implementação do assunto na sala de aula ajude a mudar a realidade financeira dos brasileiros, marcada por endividamento e desemprego. Para isso, Forte indica duas estratégias. A primeira delas é falar sobre dinheiro sem culpa, já que o tabu ainda é forte para boa parte das famílias. Mais precisamente, 41,6% dos estudantes brasileiros nunca conversam com os pais sobre dívidas em atraso. Além disso, somente 35% deles falam sobre as contas de consumo com os mais velhos. 

A segunda estratégia é investir no professor, parte dominante da mediação desse processo de ensino-aprendizagem sobre educação financeira na escola. Afinal de contas, apesar das evidentes vantagens da capacitação, esse é um processo ainda escasso no país até agora: 83,7% dos professores nunca participaram de qualquer formação sobre o tema. Além disso, uma em cada três escolas ainda não conta com um projeto pedagógico voltado para a educação financeira. Entre aquelas que o fazem, 41,4% incluem o assunto apenas em aulas de Matemática.

É essencial que haja um claro entendimento de que a educação financeira não está restrita à Matemática e não se refere apenas ao dinheiro. Ela pode ser abordada nas aulas de Ciências, por exemplo, por meio dos impactos ambientais de consumo e das reflexões sobre a disponibilidade de recursos naturais e geração de lixo. Nas Ciências Humanas, vide História e Geografia, é possível estabelecer relações entre os poderes políticos e econômicos. Em Língua Portuguesa, a literatura é uma excelente ferramenta para tratar de aspectos psicológicos ligados ao dinheiro.

O que mudou na “Era millennial”?

A julgar pelos resultados desses estudos e das pesquisas, é evidente que a geração atual apresenta grandes lacunas em seus conhecimentos sobre gestão financeira, assim como a anterior. Ao tornar-se tópico de discussão na escola, a esperança é de que a educação financeira crie, aumente e remedie habilidades que já são inestimáveis ​​para os jovens à medida que progridem na vida principalmente após todo o ocorrido com a pandemia de COVID-19, que para 96,2% dos entrevistados pela AEF-Brasil favorece a entrada do assunto nas escolas como tema emergente.

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Fontes: Educação financeira nas escolas está formando jovens mais conscientes; Como ensinar as crianças a lidar com dinheiro.

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